Espírito azul

Tudo o que pensar

Se é que quero pensar

Escorre nas mãos do acaso

Entre os dedos magros da imaginação

Dentro da caneta esferográfica

O som do coração do impossível

Acompanha uma canção de amor

Lágrimas se aquecem nos olhos

Imersas na tinta do pensamento

Palavras surgem e ficam soltas

Até serem capturadas pelo papel

A esperança costura as frases

Apagando uma dor sem sentido

A vontade tenta escapar

Mas tudo é lento

Lábios amordaçados

Parece pouco razoável

O próprio sentimento se alimenta

Da impoderabilidade dos acontecimentos

Entropia que permanece na teia da lembrança

Não pode ser apagado

O instante apenas um instante

Beijo mergulhando no passado

E a escuridão chamando a sua língua

Nada é confiavel

Vivo com a luz acesa

Com a porta fechada a chave

Sempre com medo do inexistente

carlos assis
Enviado por carlos assis em 10/02/2012
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