UM MENINO NO CAMINHO
Fagner Roberto Sitta da Silva
Não sofro de solidão,
mas o que me deixa louco
e parte o meu coração
é o tempo que pouco a pouco,
sem cessar, reduz a pó
os nossos dias, sem dó.
Por saber que tudo finda,
desde a mais bela lembrança
que na alma carrego ainda,
é que busco esta criança
que sempre surge no espelho
do olhar deste que está velho.
Se ao menos, por um momento,
pudesse então estancar
o correr do tempo, o vento
que não para de passar,
formando marcas na face,
e, enfim, o menino achasse...
Tudo seria de rara
beleza, dádiva achada,
como uma manhã de clara
meninez que, reencontrada,
traria luz ao caminho
por onde sigo sozinho...
Garça (SP), 10 de fevereiro de 2012.