Andanças na Chapada Diamantina
Sol declinando sobre a Chapada Diamantina
Passaradas, sinfonias – vês o Morro Branco,
Lá onde canta o violeiro, tangendo melodias.
Cachoeira da Fumaça, trilhas, névoas no vale,
Na entrada duma porteira flores de maracujá,
Rosto de gente esculpido em pedras antigas.
Raios açoitando flores, relampejos na escuridão
Revoada doida de pássaros no rumorejar dos trovões,
Depois vem calmaria, gota a gota sobre o chão.
Ouve-se o rumorejo do rio na calada da noite,
Noite descendo, arpejo de grilos, coaxar de sapos,
Pirilampos vagando, alumiando a escuridão.
Voz de gente, conversas no alpendre das casas,
Um candeeiro aceso no batente de cada janela,
Uma senhora, um terço, sinal da cruz, amém...
Um velho tropeiro de cócoras acende um cigarro,
É negro, longa barba, chapéu de couro, os pés descalços,
Por ele cruzo, tiramos o chapéu, acenamo-nos, calados...
O cheiro do mato... respiro fundo, caminho longo,
Não há pressa de se chegar, não há destino, me vou,
A lua como testemunha, a estrada prateada...
Nessas trilhas sou o cavaleiro andante, e ando e sigo
Sem cavalo, escudeiro ou donzela, andarilhando
A dedicar funda reverência sobre cada pedra que piso.
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