Andanças na Chapada Diamantina

Sol declinando sobre a Chapada Diamantina

Passaradas, sinfonias – vês o Morro Branco,

Lá onde canta o violeiro, tangendo melodias.

Cachoeira da Fumaça, trilhas, névoas no vale,

Na entrada duma porteira flores de maracujá,

Rosto de gente esculpido em pedras antigas.

Raios açoitando flores, relampejos na escuridão

Revoada doida de pássaros no rumorejar dos trovões,

Depois vem calmaria, gota a gota sobre o chão.

Ouve-se o rumorejo do rio na calada da noite,

Noite descendo, arpejo de grilos, coaxar de sapos,

Pirilampos vagando, alumiando a escuridão.

Voz de gente, conversas no alpendre das casas,

Um candeeiro aceso no batente de cada janela,

Uma senhora, um terço, sinal da cruz, amém...

Um velho tropeiro de cócoras acende um cigarro,

É negro, longa barba, chapéu de couro, os pés descalços,

Por ele cruzo, tiramos o chapéu, acenamo-nos, calados...

O cheiro do mato... respiro fundo, caminho longo,

Não há pressa de se chegar, não há destino, me vou,

A lua como testemunha, a estrada prateada...

Nessas trilhas sou o cavaleiro andante, e ando e sigo

Sem cavalo, escudeiro ou donzela, andarilhando

A dedicar funda reverência sobre cada pedra que piso.

***

Alex Canuto de Melo
Enviado por Alex Canuto de Melo em 10/02/2012
Código do texto: T3491315
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.