Mãe/Pai


Ninguém sabe de onde vim,
e eu não sou tão livre assim.
E havia o tempo de esquecer,
o tempo antes de eu crescer,
O tempo antes do agora em diante.
O tempo que minha mãe me viu partir,
o tempo que meu pai virou um pouco do que sou.

E eu acordei entre o sim e o não.
Entre a destruição e as janelas fechadas.
Mas não vou morrer por hoje.
Não por agora.
Não antes de escrever um poema,
ou fazer um esboço culpado,
pelo amor adiado,
pela verdade entalada na garganta,
aniquilada e estilhaçada,
pela simples vergonha
de dizer: eu te amo.