Ninguém
Ninguém
Ninguém na rua do nada,
vaga memória esperando ninguém,
na calada da noite ninguém me espreita,
ninguém esperando ninguém.
Eis que ninguém chega sozinho,
por trás um arrepio e um zumbido,
ninguém escuta o que escuto,
ninguém ouve ninguém.
Ninguém me olha de lado,
em frente à porta não há ninguém
ninguém vê o que vejo,
ninguém olha ninguém.
Ninguém está zangado,
um calafrio percorre o quarto,
ninguém sente o que sinto,
ninguém sente ninguém.
Ninguém me chama no canto,
assombra-me até minha sombra,
ninguém manda-me embora,
ninguém manda em ninguém.
Ninguém pergunta o que quero,
ninguém lê o que escrevo,
ninguém diz que me ama,
ninguém ama ninguém.
Ninguém entende o que falo,
também nem falo com ninguém,
ninguém entendeu o que escrevi,
ninguém entende ninguém.
Ninguém perdeu o seu tempo,
lendo o que ninguém escreveu,
ninguém vai parar nesse momento,
ninguém fica sem ninguém.
Sandra Ravanini
Xandra
16/07/2005