Só devagar
Só, agora, só me resta vagar
Bem devagar,
Pois o tempo não anda,
Nem pra trás e nem pra frente
É a esteira do eterno agora
Que nos leva a lugar nenhum
Mas vagar é preciso
Como antes foi navegar
E devagar construímos
Um belo vagar
Saímos pelo mundo
Desfrutando seu sumo
E suas frustrações
Descobrindo seu rumo
E gerando emoções
Mas pra que vagar ao longe?
Se dentro de si o melhor se esconde
A capacidade notável
Do belo e do horrível se apaixonar
E o maniqueísmo explode em unidade
Se funda ao ínfimo poder de pensar
Devagar vago no ventre da terra
E meus vagos sonhos
Só vagam, por caminhos medonhos
Quando não vagam por um abismo em si,
Mas esse vago percurso é pra atingir
Devagar, a ideia vaga,
De que para sempre, vagarei por aqui