SEMBLANTES
Noto os semblantes dos homens
E vejo-me como num espelho.
Trazem nos traços a luta
A luta que travam por estarem vivos
A luta com o cansaço
A luta eterna com a gravidade
E a luta com seus demônios.
Trazem em cada linha a dor
A dor da ignorância
A dor por ser limitado
A dor por não ter garantias
Trazem em cada contorno uma volta
Volta obrigatória que a vida impõe
Trazem nos ombros o peso
O peso das obrigações humanas
o peso da sentença divina:
morte.
E trazem nos olhos a esperança,
A esperança de que amanhã,
amanhã,
Será um dia melhor.