ROSA DA ALHAMBRA
Os seculares muros da esplêndida Fortaleza Vermelha
Guardam inimagináveis riquezas, preciosíssimas gemas
Mas o bem mais inestimável cujo brilho se lhes assemelha
Caminha pelas floridas alamedas nas tardes ingênuas.
Rara beleza a cruzar as arcadas do rico palácio imponente
Ornado de arabescos, de abóbadas rendilhadas a ouro
Mana mel de teus olhos de gazela, olhar terno e inocente
Brancos véus adamascados te envolvem como um tesouro.
Teu paraíso é o jardim de murta, lilás e flores de laranjeira
Onde te destacas como a rosa de perfume assaz inebriante
Morenas mãos, delicada arte em terracota, linda trigueira
És a moura que recende a sândalo de aroma deslumbrante.
Jovem mais formosa não poderia haver em toda a Granada!
Pérola engastada entre as colinas esmeraldinas de Andaluzia
Em teu idílio junto às fontes de fresca água límpida, sagrada
Róseas pétalas sobre os magníficos chafarizes tu espargias.
Mas a serenidade de teu lar foi desmantelada sem piedade,
Apavorada, divisas fogo e fumaça, armaduras e canhões
É a chamada Reconquista que arrebata vidas em combate
Ambição, intrigas, mentiras que engendraram cruéis traições!
A gentil Rosa, inerme, se recusa ser profanada pelo inimigo
Resiste nobremente enquanto a Fortaleza é logo invadida
Ela teve o rico solo da Alhambra como grandioso jazigo
As águas da límpida fonte de pétalas rubras foram tingidas!