Vestido
Que atirasse flores no vestido
que olhasse de lado meio torpe
atingisse na pele o sentido
destrançando o fio
mudando a forma, o feitio
o tempo emudecido...
era preciso uma tarde nublada
densa e tão farta
os dedos desenhando lanças, dardos
as letras do teu nome
no trajeto da carne
tenra e tão clara
tuas mãos de arqueiro...
era preciso girar tudo em volta
as paredes, os véus, as cortinas
os móveis da casa, um perfume
a cabeça pousando em teu peito
na flor do vestido o teu cheiro...