Homens Trabalhando

Continuo trabalhando com o mesmo afinco.

Não brinco... Com coisa séria.

Enquanto ficam na linha de produção só de sete as cinco.

Faço serão. Não tiro hora de almoço nem férias.

Homens trabalhando,

Respeite a placa de sinalização.

A engrenagem só permanece funcionando,

Porque é movida com o coração.

Mas se não passa de uma profissão...

Prefiro continuar sendo amador.

Língua presa.

Atinge as metas da empresa.

Não o ideal do condor...

Sou o primeiro a acordar,

O ultimo a dormir.

Porem como quem não fala mais que: “Gugu, dada!”

Minha palavra fica esquecida nos orfanatos por aí.

Envelhece.

Esperando uma família, um lar.

Mas o ponto de fuga Zumbi estabelece,

A caminho do RH.

Chegar... Parece impossível,

Não vejo luz no fim do túnel.

Desemprego ultrapassa o maior nível,

Noticia Marcos Hummel.

Mais que uma promoção,

Espero a satisfação... De quem me chamou à seara.

Pra libertar os meninos dos fornos de carvão,

Ser Oasis no Saara.

Sou o primeiro a chegar,

O ultimo a sair.

Mas como um velho gagá,

Meus versos ficam esquecidos nos asilos por aí.

Esperando visita...

Mofa.

No entanto, enquanto engole a marmita.

Platão filosofa,

Golfa. O prato-feito.

Reivindica.

Se a um justo salário, funcionário tem direito.

Com o meu, quem fica?

Sem terra, teto, teta...

Bem material só o corpo,

Mas nem por isso me poupo.

Dou tudo de mim através da caneta.

Perdão!

Por oscilar entre o não... E o sim.

Minha coluna reclama com razão,

Diferente de mim.

No ombro não suportaria,

Um por cento do peso do madeiro.

Mas tenho fundo de garantia,

O sacrifício, ofício... Do carpinteiro.