Um...Mais um...

Querido mundo que se desfaz

Queria eu poder salvar-te

Das garras dessas engrenagens

de nossas mãos sujas de graxa

Olhem quantos sapatos lustrados

Que brilho, que zelo, admirável ostentação

Do coro negro reluzente em salto de madeira

Lá vem um engraxate descendo a ladeira

Todavia caro mundo

O preço da imagem é elevado

e o espirito do homem rebaixou-se

a sonhar com um par de sapatos

Os nossos desejos

Documentos sem despachos

Arquivados em pastas

Dariam uma bela macarronada

Mas meu poema é um nada

é mero desabafo

Sou eu outro de vocês

Com mil desejos bons

Que também nada faço

Os dias passam e a dor se destila

Fica impune em todos nosso elos fracos

Se disfarça no nosso falso lucro

Sustentabilidade de trapaças

De farsas diárias

Um índio doando terras

Um político lavando a cueca

Um policial tomando conta da área

Um humorista em campanha eleitoral

um...mais um...mais um...

Ei!!! Quantos serão?

Posso confiar em mim?

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 07/02/2012
Reeditado em 07/02/2012
Código do texto: T3484682
Classificação de conteúdo: seguro