Um...Mais um...
Querido mundo que se desfaz
Queria eu poder salvar-te
Das garras dessas engrenagens
de nossas mãos sujas de graxa
Olhem quantos sapatos lustrados
Que brilho, que zelo, admirável ostentação
Do coro negro reluzente em salto de madeira
Lá vem um engraxate descendo a ladeira
Todavia caro mundo
O preço da imagem é elevado
e o espirito do homem rebaixou-se
a sonhar com um par de sapatos
Os nossos desejos
Documentos sem despachos
Arquivados em pastas
Dariam uma bela macarronada
Mas meu poema é um nada
é mero desabafo
Sou eu outro de vocês
Com mil desejos bons
Que também nada faço
Os dias passam e a dor se destila
Fica impune em todos nosso elos fracos
Se disfarça no nosso falso lucro
Sustentabilidade de trapaças
De farsas diárias
Um índio doando terras
Um político lavando a cueca
Um policial tomando conta da área
Um humorista em campanha eleitoral
um...mais um...mais um...
Ei!!! Quantos serão?
Posso confiar em mim?