Entrega

Seus olhos meigos

E felinos me despem.

Fico nu de mim mesmo

Ao seu olhar que me consome.

De peito aberto

Feito ave do agreste - vou,

Com o coração entrelaçado aos braços

Mergulho por entre seus dedos

Que toca meu peito como brasa

Me deixando louco, pouco a pouco.

Meus lábios e os seus

Não permitem uma única palavra

Pois, já não há mais segredos,

Nem mesmo entremeios

Entre minhas mãos

E seus fartos seios.

Em cambalhotas suaves

Como duas vorazes aves

Nos envolvemos de tal maneira

Que a sombra dos nossos corpos

Brincam nas paredes do quarto

Como se fossemos anjos

E não querubins.

Nesse bailado de macho e fêmea

Tudo parece complexo

Nos envolvemos como bichos,

Bichos no cio.

É um querendo comer o outro

É o outro desejando ser engolido

Passando pela boca, até o infinito grito.

Nossos corações aos pulos

Parecem não entender

Que estamos nos entregando

Um ao outro

Sem nada pedir

Sem nada dever

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 16/01/2007
Código do texto: T348463
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