CORAÇÃO DE POETA
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Cabe dentro todo sumo,
E no peito, nem uma rédea.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Ama demasiado o humano,
E ignora em segredo, outra esfera.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Aceitará o cálice dado,
Sendo já o cálice consumado.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Dos homens aprendeu o medo,
Da sua casa aprendeu estranho.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Fez a palavra em Judas,
Doce veneno que ainda infecta.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Entenderá as paixões,
Se não se entrega.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Tem pra uma cidade a língua,
Mas, esse povo é surdo.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
É em fogo e em vícios,
Que esse coração, há alivio.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Cedo foi a compreensão das coisas,
Cedo, eis em defunto.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Faz versos com tamanha força,
Que uma criança o segura.
Há meu coração do mundo,
Meu coração poeta!
Busca teimosamente amanhecer,
Tal louco de pedra.