Sim, continuo à procura de onde estás e quero saber por que de mim partiste
Que importa se será dia ou noite, se conseguir aplacar minhas agonias?
Todas as minhas perguntas se resumem na mesma angústia de saber-te
Já antevia, preservando-me, que tu eras insensato e multiplicados fatos
Procuro-te e não te sinto, não te toco, mas te vejo quando no ar te pressinto
Desde sempre sabia que eras não mais que um sopro de leves aromas açulados
Contemplei a tua nudez que é a beleza da transparência da tua alma que se fragmenta
Tu és o orvalho das manhãs e é de ti que sacio minha sede que em mim insiste
Acaricio por delírios teus cabelos numa ternura a qual nunca te deste por companhia
Tua dor une-se a minha dor profunda numa orquestra de nós dois e ecoa pelos ais
Há o outono que só é amaro para quem não vê sua esplêndida beleza
Procurar-te-ei nos desertos, pois se nele estás, não mais me perderei
Eu te ouço no barulho dos ventos que sopram entre as árvores de um oásis
E neste paraíso de utopias, navegar-te-ei como fosse mar, ora calmo, ora rebeldia
E ao tocar o teu coração, curar-te-ei por amores que tomarei dos anjos por empréstimo
Lendo a tua alma, serei alento às tuas chagas, que cultivas como flores raras e doridas
Por certo que és uma ilusão da qual não quero desfazer-me, ainda que tanto me agonie
Já percebia que nem tu entendias por onde eu poderia encontrar-te, pois nada de ti sabias
Talvez a saudade seja o perfume que de ti emana e através dos céus me chama e reclama
O que nunca foi, é o que jamais será, mas o sonho para sempre nas estrelas permanecerá
Para a poesia “SEM RESPOSTA” do querido poeta José de Castro, que agradeço por tanta gentileza que tem com as suas poesias e as de tantos outros, como a minha; que é uma ousada interferência.