EU TAMBÉM SOU DOUTOR
Qual o meu grau de estudo
Algumas vezes já me perguntaram
Parece que admiraram
Meu jeito de esclarecer.
Tenho o curso primário
Concluído em 1955
É verdade, podem crer
Nunca me esqueço esse passado
No grupo escolar naquele ano inaugurado.
Relembro os doces momentos
As mestras, os colegas
Sempre guardo em meu pensamento.
Uma coisa posso afirmar
Isso para todos entender
Que continuo na escola até hoje
Na escola do mundo
E ainda tenho muito o que aprender,
Na roça onde sempre vivi
E lá que muito aprendi
Tantas coisas entender.
Ver no horizonte o sol raiar
O nascer do novo dia
Contemplando a natureza
Nasceram tantas poesias.
De ser roceiro?...
Não me arrependo não Senhor
Muito bem posso dizer
Lá na roça sou doutor.
Sei encavar uma enxada
Sei cortar bem de machado
Sei domar uma boiada
Boto chumaços no carro
Que chora pelas estradas
Este é o luxo do carreiro
Uma tralha bem arrumada.
Com o peso dos janeiros
Relembro meus companheiros
Dos bailes, dos mutirões
Tantas alegrias, diversões
As noites de lua cheia
Lá no céu toda prateada
Saia pela estrada, a passear
Com a linda namorada
Com os cabelos a orvalhar.
Quando a saudade me amola
Relembrando a vida passada
Eu pego minha viola
E canto para a minha amada.
Autor: Manoel da Silveira Corrêa (Manoel da Tunica)
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