Recuerdos
Recurvo o dorso numa janela para o mar,
onde me azucrinam os cheiros de mariscos,
entre medusas e céus desampardos,
é tudo o vento, é tudo um estado, tudo assim.
E esses olhos que acompanham minhas notas,
que tão rapidamente se perdem e evaporam,
quando a lassidão se acomoda em meus nervos,
nublam minhas cordas gastas que vibram e choram.
Somente acordado e aos pés de São Isidoro de Sevilha,
encontro a razão de tantos cinzas e negros,
noturnas falas de intensa e urgente espreita...
É quando repouso a cabeça sobre o colo longo,
híbrido do mar de cabelos negros e luminosos,
e o canto jondo das safadas pernas que se cruzam.
E tudo que vejo, em uma memória persistente,
é o que cabe nos dedos, assim, quase indolentes,
machucando a partitura, tão inconsequente,
de um canto antigo, muito mais velho que a gente.
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Dedicado ao meu irmão Otto Marin