nunca, jamais
de voce
quero mais que um abandono
quero pesadelos
a perda do sono
desesperos
xingamentos
quero palavras pesadas
definitivas
quero frases ofensivas
quero atitudes
completamente sem perdão
de voce
quero o irreparavel
o que não tem mais remédio
não aquela calma da solidão
não quero simplesmente o tédio
o sonho
a dor quieta
de uma saudade tranquila
de voce
quero a arquitetura contundente
dos versos do poeta
quero flores mortas
recentemente
por tanta espera
quero a esperança burra
inocente
que se empanturra
das lembranças de beijos antigos
aqueles que já não existem mais
de voce
quero o ódio mortal
de final de um grande amor
não quero simplesmente um adeus
não quero simplesmente
o movimento no ar
de mãos solitárias
quero raiva
socos na mesa
não quero uma tristeza
quero várias
enormes
que desfiguram o rosto
quero a cara
de quem não dorme
há muito tempo
quero a cara de um louco
de quem não morre
por pouco
de quem não tem
um momento sequer
de paz
quero a cara fechada
de quem não se esquece de nada
nunca nunca
jamais