Negar-me
De nada adianta me fazer de forte
agora que tão frágil estou...
De nada adianta varrer pra baixo do tapete
se agora amargo na boca o que restou...
De nada adianta esconder a dor que sinto
e absorver da hipocrisia o veneno
De nada adianta algemar-me a quimera do firmamento
se tudo o que me sobrou foi o inferno...
Penso em guardar os versos aos que sabem amar,
negando à mim por desventura tal prazer
já que não me é permitido verdadeiramente mergulhar,
penso não ter mais o que dizer... o que escrever...
Não sei de onde retirar forças agora...
a beira do penhasco não consigo me aprumar,
mananciais lavam o rosto por um sonho que se fora,
infelizmente cheguei ao ponto de me negar...
Negar à mim o que já fomentei,
negar à mim as cores dos campos floridos,
o ar puro que outrora respirei,
posto que hoje até respirar esta dolorido...
Negar à mim tanta cegueira do coração
e aos lábios o silencio de não mais querer
Negar à mim tudo o que fora ilusão
e talvez assim seja possível voltar a viver...