Alameda Botafogo

As luzes amarelas dão um tom lúgubre

a minha melancolia.

O caminho vai se encerrando logo ali

no sinal vermelho.

A alameda insinua-se entre as casas,

espremendo o assoreado Botafogo.

Quase rua, quase rio,

segue quase nu.

E eu, quase sombra,

sinto um gosto de frio.

Na boca amarga

o copo cheio de vazio.

É hora de prosseguir,

mas antes um último gole.

Licoroso, o exílio tornou-se raíz.

- A conta por favor!

Voltar pra casa, minha febre

não passa de uma nau sem vela,

um sopro gris.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 02/02/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3475823
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