A ETERNIDADE SÓ TRÁS UM AMOR TRANSCENDENTE
Que estranho segredo há em ti, amada minha,
Que me faz ouvir-te no silêncio de cada noite,
Teus sussurros de amor e de desejos inebriantes,
Tão encantadores que acalentam meu triste coração?
Qual o mistério que me permite ver teus olhos distantes,
Sentir o aroma a exalar de teu corpo sensual e convidativo,
Absorver o ar que respiras num beijo real e verdadeiro,
E repousar contigo no mesmo leito e nos mesmos sonhos?
Quão incompreensível e belo é esse amor que transcende,
E quão doloroso é sentir a chama eterna tocar minha alma.
Quero contigo, livremente, voa e revoar como os pássaros no céu,
Sentindo os cheiros das chuvas e das terras, e também das cores.
A toda gente quero permitir que contemplem essa nossa ventura,
E a toda coisa, daqui ou de além, permitir que nos sejam em comunhão.
Indecifrável é enigma que me impele a te amar muito além deste mundo,
Com o pensamento translúcido, buscando, unificados, a finitude.
Que cantos e encantos há que deles não possamos nos embebedar,
Se em cada lugar onde estás, escondidamente, meus olhos te veem,
Minha boca te beija, minhas mãos invasoras te desnudam inteira,
E meu corpo se une ao teu, entrando e invadindo-te em êxtase?
O mistério, amada minha, tem menos importância do que o que se nos assenta,
Em nossas almas flâmulas, em nossas mentes esvoaçantes e em nossos corações.
Que amplitude tresloucada em mim, avançando entre os tempos e os espaços!
Com todo meu ser em profusão de amor, amada, andarei contigo na vida e na morte.
E na vida morta, e na morte viva, e em qualquer desabotoar da realidade e dos sonhos.
E se a dor de tanto amor te for por demais, se chorares, se te desesperares,
Se te angustiares, feche os olhos e sonhe meu amor: Estarei contigo, não temas!
Péricles Alves de Oliveira