As mãos das sombras
A arte da viajosidade é feita a milhares de mãos. Você nunca verá nenhuma. O resultado está sempre por aí.
Nós, as mãos das sombras, somos bizarras e assustadoras. Brotamos do nada, do nada viemos, e ao nada (do nada) voltamos. Fugimos da luz para que ela possa se espalhar pelos cantos mais longínquos do quarto, das pastagens, das praças. Nós somos da raça das trevas, mais puras e negras que a noite, e em um açoite, voilá, estamos nós mudando de forma, passeando e dançando pelas paredes, para que as crianças se assombrem e fascinem. Viramos piadas sem cor nem som, somos forma e sombra, apenas. Nada de sentimentos, apenas fios. Nossos dedos são fios entrelaçados nos laços que unem os uns aos outros. Nós somos as mãos das sombras, acompanhando e segurando os pés dos homens, para que estes nunca caiam ou deslizem e sempre voltem ao seu lugar estável no chão, um após os outro. Com a nossa bizarra ajuda, eles acompanham a força dos pensamentos e corações e trilham caminhos escuros ou iluminados, mas continuam cumprindo sua missão de sempre andar e levar aonde devem ir. Nós somos as mãos das sombras, sempre estendidas a quem grita por socorro quando toda luz está prestes a apagar e os mundos prestes a ruir.
Dija Darkdija
P.S.: Alguém aí precisa de uma mãozinha? Que tal nove? Que tal mais de oito mil? Que tal uma legião? Que tal 37 exércitos? Talvez eu possa prover...talvez.