DEPENDÊNCIA
Toco os florais azuis dos frios azulejos
que aliviaram, lisos, teus febris calores,
tua libido, orgasmos, lúbricos desejos,
naqueles voos de prazer, os teus ardores.
As digitais de ti cravadas nos sobejos,
nas sobras fartas das lembranças, minhas dores
que me estraçalham em faíscas, em lampejos.
Secou-me o corpo insulso, sem os teus sabores...
Estás em mim, nas plantas, móveis, nas paredes,
em minhas fomes, minhas graças, minhas sedes,
também nos livros, discos. Beiro o enlouquecer!
Na sala, a peça “O Pensador Atordoado”
reflete a imagem do que sou quando acordado,
enquanto estás no mais sereno adormecer.
(Primeira publicação em 28 de maio de 2011)