LUZ SERENA

Ah, se eu pudesse acalantar o meu enfado

nesses teus laços, no teu leito, tua trilha,

sorver a brisa que desliza no meu fado

de tão-somente imaginar-te a maravilha...

Ah, se eu pudesse abandonar-me em tua ilha

e desnudar-me em teu recanto encantado,

saltar ao sol que há em teu corpo, que rebrilha

e que me aquece e me arrebata extasiado...

Ah, se eu pudesse acarinhar-te o delicado

e nos meus mares conduzir a tua quilha,

voar bem alto como voa todo amado,

sugar-te a água, ir beber em tua bilha...

Mas minhas asas não alcançam, tão pequenas,

o céu de estrelas em que moras, luz serena!

(Primeira publicação em 19 de outubro de 2010)

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/02/2012
Código do texto: T3473967
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