LUZ SERENA
Ah, se eu pudesse acalantar o meu enfado
nesses teus laços, no teu leito, tua trilha,
sorver a brisa que desliza no meu fado
de tão-somente imaginar-te a maravilha...
Ah, se eu pudesse abandonar-me em tua ilha
e desnudar-me em teu recanto encantado,
saltar ao sol que há em teu corpo, que rebrilha
e que me aquece e me arrebata extasiado...
Ah, se eu pudesse acarinhar-te o delicado
e nos meus mares conduzir a tua quilha,
voar bem alto como voa todo amado,
sugar-te a água, ir beber em tua bilha...
Mas minhas asas não alcançam, tão pequenas,
o céu de estrelas em que moras, luz serena!
(Primeira publicação em 19 de outubro de 2010)