Des-encoberta

A noite é vagarosa

Para esses dias que me passam tão rápidos.

Acostumei-me a viver no automático,

Suporte de cada ambivalência latente.

Porque de dia sou areia,

Pó de pedra não estancada.

Alma sem tempo para sentir,

Nem a própria desraigada.

Mas essa noite chega lenta e me pára.

Não... Não sou areia ao vento.

Sou água, ressaca de mágoa.

Sou o próprio fundo

E também o limiar de superfície...

Assim me remexo, vou de encontro ao mesmo eixo.

Sou o arremesso

De mim para esse ser desconhecido.

É quando me encontro nessa ausência (minha)

Descoberta “num tropeço”

Aberta à agressão

De cada tapa de onda

Onde reconheço o furo

(imenso!) da imensidão.