Dádiva
Oh, dádiva
Ele que deixa-te
Ou deixares
Remexendo-se
Na bruma esquálida,
De pernas dengosas
De curvas pálidas.
Oh, meu sangue envenenado
De palavras veladas
Que não foram cantadas
Em versos sujos
De babas e suores e arrepios
Por bocas carnudas
E peles em calafrios.
Escorrem, e formam poças
Esfarrapadas
E riachos e correntezas
E não formam nada.
O nada absoluto da tristeza
Das lágrimas acinzentadas
Do desprezo,
Tudo, e só tudo,
Essa imensidão do tudo e do nada
Tudo isso te basta.