SONHO INCAUTO

Quis acordar de meu sonho naquele dia de verão,
Cuja suave brisa pintava com nuvens longínquas,
Por todo o horizonte que se alcançava com as vistas,
A abóbada celeste, emoldurando-a em quadro vivo.

Coloquei-me, incólubre, sobre uma grande montanha
E quis sentir a força dos deuses que irradiava dos céus,
Fazendo verdejar toda a planície à minha frente,
Enchendo-a de vida, ao baile das árvores dançantes.

Fui ao mar e ele estava silencioso e calmo em sua imensidão.
Quis sentir a energia que dele fluía, caminhando na praia.
Deixei que meus pés tocassem as areias finas e mornas,
E que meu corpo sentisse as ondas em carícias estranhamente sensuais.

Fui às praças matinais, onde se assentavam as mulheres,
De épocas várias, bonitas e sensuais em seus vestidos.
Ao pé das roseiras matinais, em sorrisos e trejeitos delicados,
Desejei senti-las em cores, amores, paixões e desejos proibidos.

O dia amanheceu assim quente, assim belo, assim cheio de vida.
Eu acordei mais solitário e tresloucado. Estava mais morto em mim,
Sem o céu azul pintando em nuvens, sem o verdejante da planície,
Sem a imensidade do mar, sem o toque das ondas em meu corpo.

Sem a companhia das belas mulheres, sem seus sorrisos,
Sem seus amores, sem suas paixões e sem seus desejos íntimos.
No profundo silêncio que me tocou, indolor, frio e sombrio,
Percebi que nebulosidade em mim decifra-se por si só e me leva ao nada.


Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 31/01/2012
Reeditado em 17/08/2013
Código do texto: T3472676
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