ANJOS E DEMONIOS

Há dentro de mim, solto, um demônio.
Descuidado demônio que tem um rabo,
que tem uma ponta que me crava a cada momento.
Aqui, sabe, perto da garganta. E dói
como se fosse um aperto, um grito
que não consigo dar.
O meu demônio é muito inquieto:
passeia pelo meu peito,
movimenta meu coração
como se fosse um badalo de sino.
Outras vezes me amortece as carnes
até eu quase desfalecer.
E brinca com meu pênis,
mas me impede de gozar.
Há momentos em que ele se diverte,
dando-me uma sensação de felicidade,
como um arrepio pelo corpo
e uma ardência nos olhos.
Penso então que sou feliz.
Perguntei aos deuses e aos amigos:
dizem, todos, que é amor.
Mas não sei...não sei se quero!
Sinto falta do anjo perdido
que havia dentro de mim.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 31/01/2012
Reeditado em 24/07/2014
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