Mesopotâmia

Tenho dez pantanais em mim.

Como serpente vou passando

pelos casarões do velho porto.

Divido-me ao meio,

pra lá Paraguai

pra lá Paraná.

Nos fundos do Brasil,

meu sangue pintou

o solo de vermelho.

Minhas lágrimas encheram

o Apa, o Miranda, o Coxim.

Minha sede secou o Xaraés.

Coloquei fogo nos ervais,

pra fugir da Laranjeira.

Bati em Retirada,

mas em dezembro broto nos campos,

brincando de guavira.

Nem luso, nem castelhano!!

Defendi minha terra,

sou índio Cavaleiro.

Se duvida, pode me encontrar

Vestido de piraputanga

na Serra da Bodoquena.

Gilberto Ricardi
Enviado por Gilberto Ricardi em 31/01/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3471825
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