Era madrugada ainda, nem bem amanhecia,
de súbito, num susto, levantei de um sonho
e palavras me apodreciam na boca,
bem antes, muito antes, de serem proferidas...
E tudo o que eu era ou tinha
vinha fazer parte deste silêncio.

Juntando tudo,
amores e esquecimentos,
temores e outros sentimentos,
horrores e seus pressentimentos
e as cores de todos os momentos,
tinha sido tudo tão pouco, tão pouco!

E sempre essa tristeza sem tamanho,
que um olhar só era muito pouco para ver.
Vai ter que vir olhar mil vezes
e mil vezes mais que olhar,
vai ter que vir ver de perto,
abraçar essa frieza que nos envolve,
viver essa morte que nos acalenta...

E haverá só a podridão dessas palavras
nos escombros de mais este poema,
nas ruínas dessa minha pobre poesia,
onde me deito e me perco,
onde esqueço de lembrar de mim,
onde não vivo nem morro,
apenas passo silenciosamente
no silencioso passo de um sonho
que eu só sei sonhar assim...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 31/01/2012
Reeditado em 19/05/2021
Código do texto: T3471540
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