Proliferação
Quão feroz tua voz me decai,
Me soca, me empurra para traz
Amargura que se conjuntura
E depois em si, se desfaz
Vamos ao limbo, vamos ao cais!
Tu cais diante de mim,
E eu não me importo mais
Morreu, tudo que é vivo morreu
Mesmo que forte um dia aconteceu
De minha vida, hoje, só resta um "eu"
Perdido, caído, sem paz
A ele, os sonhos
Arrasta, devasta e contrasta
O belo, o fútil: o elo!
Horrendo, desvendo criatura nefasta
Que balança essa jaula chamada alma
E harmonia nenhuma alcança
Só prolifera decepção e esperança
Maldita inútil criança,
Enlouquecida pela dor de uma era
E pelo medo de uma lembrança...