Tentei lutar pela vida, a minha vida.
Ergui os braços, clamei aos céus
e percebi que a vida que vivia...
... Há tempos, já não era mais a minha.
Ela escorria pelas frestas do dia.
Do meu jeito, ironicamente,
desejei-lhe sorte.
Mas, de forma mesquinha.
Busquei a verdade que não está
presente em mim, nem em nós.
Contudo, certifiquei-me apenas
que a morte é como este frio
na espinha...
Quantos sou, já não sei...
Não sou o mesmo de ontem.
Posso ser um, cinco,
talvez cinquenta revolucionários,
posso ser um autorretrato
no ventre de Frida Kahlo.
Na verdade, sou meus poemas,
e bebo nas mais diversas fontes.
Talvez sinta a gosma planetária
fluir, como me flui Sartre.
Subindo pelo esôfago, nauseando-me,
já não tenho tanta certeza.
Se a vomito, o que sinto?
Se é o que sou, como quer que permaneça?
O mundo explode sequencialmente
no globo...
( Eis sua forma de arte! )
E, compreendo que essa é
minha última visão.
Chegam os anjos, arco-íris,
flores e folhas de ramos abertos.
Na percepção de um sonho, os anjos
me estendem a mão, (percebo então),
não há tempo de aproximação.
Somos seres distantes no
deserto...
Nota: Lou James é um dos pseudônimos do escritor Márcio Medeiros de Franca/SP.