Vi
Vi estrela caindo na noite
Quebrando o breu
Vi olhos sondando
Amando o amor meu.
Vi o improvável
O cálice amargo
Sorvido lentamente
Em cada não existir.
Vi entrega desesperada
Buscando alegria
Cobrindo desvario.
Na tentativa absurda
De mudar o que se é.
Vi sem maldade
Sem querer realidade
Visto que amar se eterniza
Em cada gesto de perdão.
Vi talvez o que todos veriam
A resolução concisa
Sem tanta culpa
Mas confesso que vi
A dor do teu amor não partir.
Vi como quem vê com benevolência
Sem o perigo da prepotência
Nisto que só é permitido
Quando no outro nos fazemos.
Vi mudança ocorrendo
Clareza sorvendo
O que nem sabe
Que aos teus olhos ofereci.
Vi o que não se vê
História novamente paralela
Em páginas escritas
Irresolutas
Mas eu ...Vi.
Vi com os mesmos olhos
Que um dia permiti.