LEMBRO-ME

Lembro-me da coruja no beiral do telhado

Com seu pio triste, ajudando-me a chorar

A perda lastimável do meu homem amado

Daquela imagem não mais a contemplar.

Lembro-me das noites de tédio do frio na alma,

Do coração inquieto dentro do peito a soluçar

E a coruja no beiral do telhado cabisbaixa e calma,

Emprestava-me a sua melodia com as asas a balançar.

Lembro-me desse amargo tempo já muito passado

Escorregando devagar no calendário da minha vida,

Das horas preguiçosas do relógio, sempre atrasado,

Com seus ponteiros no ritual da própria despedida.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 29/01/2012
Código do texto: T3469146