Intempéries do Íntimo

Olho-me interiormente sem desdém

E percebo que há um sertão abandonado,

Minha caatinga encontra-se seca e não há arado

No trânsito em que um vácuo impede o constante vaivém.

Retirantes em meu íntimo pranteiam a devastação

Do solo infértil cuja argila é tecida de amargura,

Pincéis declamam poesia no sarau configurado da partitura

Adornando de sensibilidade as filigranas que fazem bater o coração.

Na textura da estiagem há vendavais de areia

Que dissipam vidas na ilusão que cerceia

A esperança que brota com a fecundação do solo gretado...

Volto a olhar-me interiormente sem desdém

E confisco da utopia a magia que a natureza tem

De transformar em êxtase um cenário depauperado!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 29/01/2012
Código do texto: T3469069
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.