Poesia num mundo que desaba
Poesia num mundo que desaba
flores de plástico vomitadas
por morcegos de ferro
cúpulas do poder
gargalhando esfíngies
tênue fio da corda
atado ao pescoço de barro
cai um mito depois do outro
santo do pau oco
toco de vela sem luz
oceanos revoltos
se voltam contra insanos mortais
maremotos de versos
levam pra longe o poeta senil
Do canil abrupto
soam lobos descalços
no encalço da última donzela
partem homens de jade
têm os rostos febris
olhos ateus ateando fogo à água
égua voadora que leva pra longe
a fome a sede o desejo
tudo no mesmo saco vazio
se despede do mundo
Enquanto as torres de marfim
uma a uma trinem felizes
o doce canto do fim