Lavoura

A ordem natural das coisas ninguém altera.

Fecundou. Terra grávida.

A lei da semeadura é válida.

Aqui e noutra esfera.

Sabe aquela árvore?

Do seu fruto não coma.

Vira estátua de mármore,

Quem olhar pra trás na fuga de Sodoma,

Jonas... Também semeia,

No horto da desobediência.

No ventre da baleia,

sofre a conseqüência.

Prenuncia o céu cinzento,

Chuva em grande intensidade.

"Quem semeia vento colhe tempestade"

Assim como o sol se pôe e se levanta,

Mesmo com o tempo instável.

Na lei da semeadura não adianta,

Colher o que se planta é inevitável.

A palavra que bendiz.

Como pólen, espalho.

Arranco o mal pela raiz,

Antes que cresçam seus galhos,

Trabalho, com esse fim...

Enxerto vida nas entrelinhas.

Extirpo erva-daninha...

Do jardim.

Dança da chuva,

Pra não regar com os olhos.

Não se colhe figos de espinheiros, nem uvas

De abrolhos.

Aproxima-se o verão,

Garanta uma safra promissora.

Selecione bem os grãos,

Que lançarás em tua lavoura.