CANTIGA DE CHUVA

Goteira de versos

pingando em mim...

Telhado de vidro,

cristais de jasmim.

Não tem quem dê jeito

em chuvas de além,

aberto esse peito

que chora também.

Por que tanta mágoa?

Quem sabe a tristeza

um dia deságua

alegria e beleza?

Não perde a esperança

essa alma poeta.

Chora, ri e dança,

se faz de profeta.

Em tal coração,

poesia faz festa.

E com emoção

a vida é completa.

Poeta insiste:

nem tudo é alegre,

nem tudo é triste.

Poema consegue,

com voz de veludo

calar qualquer verso,

pois só o silêncio

é a voz de tudo.

Não vês esses versos?

Agora, estão mudos.

Goteira de versos pingando em mim.

São chuvas constantes, cristais de alecrim...

(José de Castro, 29 jan 2012)

José de Castro
Enviado por José de Castro em 29/01/2012
Reeditado em 03/09/2013
Código do texto: T3468361
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