CISMAS
Estou disperso, só pensamentos vagos,
Dou asas as minhas vontades mais tolas,
E me deito no divã da sala das minhas cismas.
Assumo a escrivaninha do terapeuta, sisudo,
Sou o paciente, paciente, acanhado, aflito, sofrido,
Meço as palavras à cada letra, escuto cada fonema,
Represento toda sinceridade, disfarço total atenção.
Chega! Não quero mais contar meus medos,
Não quero mais escutar minhas neuras indefinidas,
Preciso sim é confessar meus pecados inconfessáveis,
Ir direto ao ponto, largar a carga grudada nas costas.
Quero ser o Padre, representando a onipotência
Quero ser réu, desgraçado, pecador, arrependido,
Arrancar as causas pelas raízes mais fundas,
Imaginar-me leve, sem culpas nem remorsos,
Vangloriar-me dos poderes que assumi e cumpri.
Quero ser o menino voltando para casa,
E o pai condescendente esperando na porta,
Arrependido das molecagens desobedientes,
E oferecer colo ao meu corpo pequeno, frágil,
E seguir com a vida, espiando o tempo crescer.
Melhor apagar essas linhas vagas dos meus pensamentos,
Queria mesmo e apenas bulir minha própria estima,
Afagar meus credos, aceitar meus defeitos e me perdoar,
Apagar minhas culpas, fazer sumir minhas neuras,
Brincar com minhas cismas enquanto balanço a rede,
Na varanda sombreada e fresca que me permito ficar,
Só vezes em quando.
Estou disperso, só pensamentos vagos,
Dou asas as minhas vontades mais tolas,
E me deito no divã da sala das minhas cismas.
Assumo a escrivaninha do terapeuta, sisudo,
Sou o paciente, paciente, acanhado, aflito, sofrido,
Meço as palavras à cada letra, escuto cada fonema,
Represento toda sinceridade, disfarço total atenção.
Chega! Não quero mais contar meus medos,
Não quero mais escutar minhas neuras indefinidas,
Preciso sim é confessar meus pecados inconfessáveis,
Ir direto ao ponto, largar a carga grudada nas costas.
Quero ser o Padre, representando a onipotência
Quero ser réu, desgraçado, pecador, arrependido,
Arrancar as causas pelas raízes mais fundas,
Imaginar-me leve, sem culpas nem remorsos,
Vangloriar-me dos poderes que assumi e cumpri.
Quero ser o menino voltando para casa,
E o pai condescendente esperando na porta,
Arrependido das molecagens desobedientes,
E oferecer colo ao meu corpo pequeno, frágil,
E seguir com a vida, espiando o tempo crescer.
Melhor apagar essas linhas vagas dos meus pensamentos,
Queria mesmo e apenas bulir minha própria estima,
Afagar meus credos, aceitar meus defeitos e me perdoar,
Apagar minhas culpas, fazer sumir minhas neuras,
Brincar com minhas cismas enquanto balanço a rede,
Na varanda sombreada e fresca que me permito ficar,
Só vezes em quando.