Lobo do mar

O marulho

Desmaiava

Na areia,

As conchas

Contavam

Histórias

De marujos,

De maremotos,

De naufrágios...

No fundo,

Os recifes

Cobriam

De vida

O ferro

Oxidado

Das naus

Vencidas.

Em meio

A tudo

Isto,

Cardumes

Se reuniam

Cosmopolitamente,

Em posição

De defesa,

Como em estado

Beligerante

No iminente

Ataque.

Seus vítreos

Olhos

Passeava

Em redor,

Vindo à tona

As memórias cãs

De naus antigas,

Mastros empedernidos

E velas desfraldadas

Num mirar de horizonte

Desafiador

De pretensas

Eternidades

Que a imensidão

Marítima

Causava

Em cada homem.

O navio -

Palácio andante -

Singrava

Os mares,

Abrindo

Com sua quilha

Os caminhos

Dos segredos

Ultramarinos.

E arremessavam-se

Sonhos e mais sonhos

Sobre as ondas

Voando sobre o império

De Netuno.

E o tempo

A alternar

O fulgor solar

E o contubérnio noturno

Entre o céu e o mar.

As memórias,

Tal como sereias,

Ora amigas,

Ora antípodas,

Pululavam-lhe

No cérebro.

Fora, o vento

Cortava o ar

E a maresia

Salgava-lhe a pele.

Na areia,

A onda desmaiava

O marulho,

Apagando-lhe o nome

Da reminiscência

Volúvel da praia.

(Danclads Lins de Andrade).

Danclads
Enviado por Danclads em 28/01/2012
Reeditado em 06/04/2013
Código do texto: T3467082
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