Privação dos sentidos
Incompreensível mundo este no qual seres humanos conversam, acariciam
E até no mesmo leito dormem abraçados a um ser irracional
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra”.
Eis que esse homem se transforma entre os seus em fera
Mente, rouba, estupra e mata
Ah, foi a privação dos sentidos
O estresse da vida moderna, perdi a calma
Mas aos cães e aos gatos se entregam de corpo e alma
Em perfeita osmose
Em detrimento da zoonose
Deplorável sociedade esta que sumariamente julga e condena, até sem provas, um réu
E faz sentar na cadeira elétrica o pobre e preto irmão
E já, durante a Santa Inquisição, queimou inocentes no fogaréu
E muito antes disto jogou gente na boca do leão
Estranha gente que não se dispõe ao outro ouvir
E nem com ele quer dialogar
Pessoas falam, não a língua dos anjos, mas idiomas diferentes
Os gênios não se combinam
Indigno indivíduo, retira do habitat natural
Um ser que não lhe é igual
Por outro lado, o seu semelhante alicia, sevicia e sacrifica em orgia, bacanal
Humanidade contaminada, espíritos carentes
Não consideram os amigos, precisam de leis para ajudar os parentes
Ó, cidadão que ignora o mendigo dormindo na calçada
Não lhe estende a mão, dele sente asco
Não lhe dá um níquel, um mísero pão
Sequer uma frase, uma palavra de esperança
Mas ao bicho de estimação
Dá conforto, luxo
E o amor que nega a uma criança