QUANDO AS ESTÁTUAS MENSTRUAM.

A saudade quando vem, descabela os monges,

descarilha a razáo,

amordaça todo nosso ar.

A saudade quando vem, fagulha cada quinhão do sonho,

arregaça os pelos, os novelos de fé,

explode montanhas todas.

A saudade quando vem, fecha as cortinas,

tirá o pó do mundo, faz requentar cada morno passo,

faz a voz partir em revoada para todo o sempre.

A saudade quando vem, faz Deus suar, faz Deus recuar,

faz Deus se desarmar,

arranca Dele a pele,

faz Sua força ficar graveto, ficar nada.

A saudade quando vem, menstrua as estátuas

dá porre nos ventos, faz o gozo encalhar pra nunca mais sair.

A saudade quando vem, desparafusa a cabeça,

faz o sangue virar musgo, faz todo caminho acordar bêbado,

faz acabar todo cetim do horizonte.

A saudade quando vem, faz o suor virar ferrugem,

faz o peito se estillhaçar por inteiro,

faz a razão envergar com a gana dos mares,

faz os ossos virarem uma gosma só.

---------------------------------------

Conheça o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 28/01/2012
Reeditado em 29/01/2012
Código do texto: T3466084
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.