CHUVA DE ABRIL

Chuva que vem de repente

Trazendo mansidão

Caindo sob o teto

Descendo no vidro da janela

Destruindo aquele silêncio

Quase que sem fim

E durante poucos segundos

Me imagino em contato

Com a água, todo molhado,

De lágrimas de chuva

Que nunca passa...

No toc-toc ao bater na vidraça

Revejo desejos mortos, tortos

Rostos esquecidos, embranquecidos

Olhos inebriantes, equidistantes

Corpos sequiosos, ociosos

Palavras imprecisas, vivas

Dias tortuosos, espaçosos

Telefonemas decepcionantes

Ao não ouvir tua grave

Sussurrante, doce voz

Dizendo-me um simples oi

Confirmando o nosso encontro

Adiando o confronto inevitável

O desfecho mais que provável

Ficando por enquanto um ponto continuando

Uma vírgula, dois pontos, ponto e vírgula.

Resquícios, reticências e reminiscências

Emaranhado de atroz ausência

Eu sei, isso é mais que um sinal

De que breve terá o ponto final.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 28/01/2012
Código do texto: T3466078
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