Lembranças, Fatos e Soluções

Eu vi a minha cidade

Se transformar de repente

Vi nascer menino novo

Chegar gente, morrer gente

Mas vejo agora um deserto

Ao sair lá no batente

Antes correndo contente

Havia jovem, criança

Agora correm do mundo

Na nova era da dança

É a tecnologia

Trazendo a nova mudança

Já perdi a esperança

De rever no meu oitão

Meninos jogando bola

Outros jogando pião

Pipa, bolinha de gude

Isso era diversão

Essa nova geração

Não sabe o que é cultura

Antes forró era bom

Por que não tinha frescura

Mas o forró de hoje em dia

Vacina nenhuma cura

Dormia numa cama dura

Dessas de ‘taba’ e papel

Corria dentro das matas

Pois a mata era o quartel

E a casinha na árvore

O luxuoso hotel

No recital de um cordel

Ficava emocionado

Aplaudia os poetas

Mesmo sem ter acabado

Mas hoje o que se acabou

Foi o tempo do passado

Ao ver o céu estrelado

Só lembro do ‘cai-no-poço’

Brincadeira de criança

Do tempo que eu era moço

Chupar pitomba roendo

Até mesmo o seu caroço

E ao recordar do almoço

Relembro da oração

Que papai sempre fazia

E depois da ocasião

Agradecia de novo

Por não ter faltado o pão

Depois da revolução

Que trouxe a era presente

Fez trabalho aparecer

Contratando muita gente

A cidade está vazia

Até mesmo no repente

Agora é tão diferente

As ruas são um deserto

O centro lá da cidade

É um lugar a céu aberto

Sem um passante perdido

Quando tem é um incerto

Não troco errado no certo

Nem nada na poesia

Não dou um não à esmola

E nem escuto um bom dia

E o culpado disso tudo

É a tecnologia

De noite antes eu via

Os casais de namorados

As praças eram lotadas

Os lugares visitados

Agora a gente nas casas

Passam seus dias trancados

Até os pobres coitados

Já tem seu computador

Pra ficar dentro de casa

Mesmo no maior calor

Só sai de casa de noite

Pra visitar um amor

Muita coisa de valor

Está ficando pra traz

Olhe para o seu reflexo

Você moça ou rapaz

Saia de casa de novo

Pois sei que “tu” és capaz

Com uma sede voraz

Vamos viver novamente

Os tempos de alegria

Mais apaixonadamente

Olhando sempre pra traz

E olhando também pra frente

Vamos viver no presente

A internet esquecendo

Se não der para esquecer

Pegue um livro e ande lendo

Melhor que essas besteiras

Que agora estamos vendo

O Big Brother: Remendo

Para um buraco sem fundo

Fazenda que conheço:

O melhor lugar do mundo

Vamos acordar pra vida

Vivendo cada segundo

Só assisto o que é imundo

Se eu estiver na prisão

Me amarrarem com correntes

Me trancarem num salão

Com os meus olhos abertos

Para uma televisão

Eu falei do meu sertão

Um lugar mais que bonito

Uma cidade chamada

De São José do Egito

Que é cenário do repente

Da poesia do infinito

Mas está virando um mito

Esse assunto de poesia

Muita gente ainda resiste

Com vigor e alegria

Mas nas festas de prestígio

O que reina é hipocrisia

Para a pequena folia

Tem melhor palco e maior

E para o grande repente

O palco é ruim e menor

E o forró que agora escuto

Tem de tudo de pior

Eu nunca fui o melhor

Mas peço de coração

Vamos ver o que é bom

Vamos ter mais união

Pois a cidade da gente

Merece mais atenção.

O governo em questão

Já fez o que deu pra dar

Mas em muitas outras praias

Deixaram a desejar

Vamos olhar para os jovens

Da cultura popular

Assim posso terminar

Com virtude e harmonia

Eu quero sair de noite

E ver quem eu vi de dia

Andando pela cidade

“Berço Imortal Da Poesia”

Renato Santos