Ilha de Ideias

Quem me dera ser simples carta.

Estaria, como meio,

fazendo os seres interagirem.

Boas novas para alegrar.

Más novas para alertar

e prontificar a solução.

Velhas informações

para não deixá-las

esquecidas

sedimentadas

afundadas

cimentadas.

Quem me dera ser um ‘e-mail’.

Instrumento da pós-modernidade.

Encurtando distâncias.

Exercitando imaginações.

Solidificando a eteridade

da virtualidade.

Quem me dera ser o Correio.

O mensageiro das palavras esperadas.

O distribuidor das notícias.

Seria co-autor de emoções.

Sou só o escrevente de meus sentimentos.

O servente de minha ilha de ideias.

L.L. Bcena, 09/06/2011

POEMA 550 – CADERNO: POEMAS AZUIS*

*Dedicado ao meu filho, Phill.

AZUL

Uma vanessa tropical travou na campânula

de uma ipoméia

o vôo oscilatório e helicoidal.

Dobra o quimono de franjas sinuosas,

marchetado e hachureado

com minérios de cobre:

aréolas, anéis, jóias concêntricas,

olhos de íris elétrica e de pupila enorme,

ocelos de um leque de pavão.

Sinto o perfume da flor nova,

com mais dois estames, buliçosos,

e quatro pétalas, de um esmalte raro,

molhadas nas tintas de céus fundos,

e cromadas com faiança das lagoas...

João Guimarães Rosa – in: MAGMA

PS- Phill,

observe que no corpo do poema não aparece o vocábulo 'AZUL', mas o poeta nos arremete a variedade de substantivos azuis e daí o título do texto (coisas de poetas, sobretudo do grande J.G.R).

Leonardo Lisbôa.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 25/01/2012
Código do texto: T3460743
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