EMBLEMA DE POEMA

Meus poemas são só emblemas

No cárcere das emoções

E na verdade dos sentimentos mais sutis

Onde a rima reveste a palavra em som

Com lampejos de canção primaveril.

Meus versos são só adereços

Que adornam o meu viver

Com a primazia da vida no falo

Que incute cada átimo de nascer.

Minha poesia não está no poema,

Está na tênue película da alcatifa

Que impregna a essência, não das palavras,

Mas de quem as profere ou escreve.

E um verso sem rima

Tem o mesmo impacto

Da minha lírica rasgada e esquartejada

Numa profusão de singulares significados.

Meus poemas são meus vis dilemas

Guarnecidos de incertezas

Na prótese sintética de mim

Em confronto com a luz acesa

Que se mostra mais radiante no halo

Que me circunda.

Meus poemas são dores efêmeras

Por um amor inefável

Onde o meu coração, que é tosco,

Só apreende a singularidade das coisas.

E, se me permito ser medíocre de nomeada,

Sou célebre nas horas céleres

Que cultivo num lapso de tempo

Para escrever em um poema

Sobre as ciladas do amor

Que me fazem réu e refém.

Meus poemas são meus medos

Em polvorosa Rebelião

No cálice das minhas dúvidas

E certezas sobre a afeição

Que, desde já, me faz prisioneiro

De mim mesmo.

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 13/01/2007
Código do texto: T346060