EMBLEMA DE POEMA
Meus poemas são só emblemas
No cárcere das emoções
E na verdade dos sentimentos mais sutis
Onde a rima reveste a palavra em som
Com lampejos de canção primaveril.
Meus versos são só adereços
Que adornam o meu viver
Com a primazia da vida no falo
Que incute cada átimo de nascer.
Minha poesia não está no poema,
Está na tênue película da alcatifa
Que impregna a essência, não das palavras,
Mas de quem as profere ou escreve.
E um verso sem rima
Tem o mesmo impacto
Da minha lírica rasgada e esquartejada
Numa profusão de singulares significados.
Meus poemas são meus vis dilemas
Guarnecidos de incertezas
Na prótese sintética de mim
Em confronto com a luz acesa
Que se mostra mais radiante no halo
Que me circunda.
Meus poemas são dores efêmeras
Por um amor inefável
Onde o meu coração, que é tosco,
Só apreende a singularidade das coisas.
E, se me permito ser medíocre de nomeada,
Sou célebre nas horas céleres
Que cultivo num lapso de tempo
Para escrever em um poema
Sobre as ciladas do amor
Que me fazem réu e refém.
Meus poemas são meus medos
Em polvorosa Rebelião
No cálice das minhas dúvidas
E certezas sobre a afeição
Que, desde já, me faz prisioneiro
De mim mesmo.