Palavras ao vento...

Rosy Beltrão

Às vezes acho que falo para ninguém

e vou abaixando a voz que mesmo quem estiver por perto

seria incapaz de decifrar meus murmúrios

são todos repletos de lamúrias,

daquilo que fui e não sou mais,

daquilo que queria ser e esqueci como se faz,

de tudo que fiz que hoje contando parece

que foi outra pessoa, não sou eu.

Essa, não sou eu.

Me olho no espelho e não me vejo

Tem hora que não quero olhar no espelho

o espelho olha para mim e eu abaixo a cabeça

Alguém disse hoje que sofremos porque queremos

que não é Deus que nos castiga, somos nossos mais

cruéis feitores, carrascos e senhor de escravos...

Não há nada que se compare com a consciência

com a não-ciência do seu Eu...

Perde-se em palavras que voam ao vento...

leves mas, chegam sempre ao mesmo lugar

em seu Eu, eu, você mesma e na sua compreensão

do que se passa, o ter consciência de si

é por vezes mais difícil do que olhar alguém nos olhos

e dizer o que pensa sobre aquela pessoa.

Enfrentar-se é tão ou mais cruel do que ficar no isolamento

da mente, que olha o nada e parada não vê, mesmo que

tenha a mais deslumbrante das paisagens e a Natureza se mostre

com exuberância, e os eventos do nascer e pôr-do-sol tão

fascinantes quanto os ventos, a chuva, os raios e trovões,

a névoa ou a claridade e diversos tons de azul esverdeado, ou verde azulado do mar

a sombra das nuvens ou a consistência delas atrás das montanhas...

Ventos levam minhas palavras, que caladas sussurram em mim

eu te amo...eu te amo...

17/11/04 0:16 h

Rosy Beltrão
Enviado por Rosy Beltrão em 30/11/2004
Código do texto: T346