SANGUE COM CACHAÇA

a minha alma se despe das chamas e da flor

aonde eu passo os olhos vigilantes do inferno

dizem quem está além do michê e do pregador

eu não tenho expectativa além do estorvo

meu verso é uma droga pouco narcótica

cavaralhos bufam pisoteando anjos lunáticos

aonde a esquina é uma desilusão vesga

aonde os porres já não têm graça

e os ditadores são vendidos nos puteiros

as claves do hino nacional: canários empalhados

no céu de ouro falso cujo deus bebe sangue

com cachaça - ao passado igrejas e castidade

quero farra e uma rebeldia nova

que prescinda dos frades permissivos da ONU

mas que cerre os punhos nos queixos certos

porque não há misericórdia e muito menos amante morta

o faquir sabe qual o significado da bilheteria

eu fico por aqui tramando pelo olho de vidro

a conquista de poder aonde a fobia é o que importa