Menino de rua
Faço da calçada o meu camarim
Onde arrumo os últimos detalhes do show
Antes de jogar meu desespero nas janelas sob o sol
Vou a noite derramar minhas lágrimas de sal
E encarar a vida real numa infância que não conheco
Não é fácil caminhar descalço sobre a afiada ignorância
Acordar numa noite fria não é pior que acordar sozinho
Convivo tanto com o medo que, as vezes,
eu acho que ele já se tornou meu amigo
Brinco com latinhas e coisas velhas no chão
Divido com mendigos minha dor e meu pão
Tantas vezes a morte me sorri
Mas sempre consigo me esquivar e fugir
Mesmo sendo dificil sobreviver nesse lugar
Lugar onde fiz minha moradia
Ruas, avenidas...
Pela janela do seu carro você talvez não me perceba
Mas, eu sempre te observo muito bem
Sonhando um dia estar do outro lado do vidro também.