No parapeito da janela
Procurei a infância pelos jardins e praças
Nas paredes onde se arrastam as traças
Por detrás dos velhos quadros onde vivem as lagartixas
Sob velhos caqueiros de barro revirados no pátio
No interior de antigas fotografias
Em um caderno manchado pelo tempo
Dentro das páginas de um livro esquecido entre os trecos da casa
Por toda parte e desesperadamente busquei os anos tão longínquos
Não estavam nos retalhos das cortinas da sala
Sequer numa chaleira de cobre
Nem nas gavetas de uma depressiva penteadeira
Também não estavam nos cantos dos velhos armários
A infância sumiu no rosa da mimosa begônia que morreu de sede
No parapeito da janela