No parapeito da janela

Procurei a infância pelos jardins e praças

Nas paredes onde se arrastam as traças

Por detrás dos velhos quadros onde vivem as lagartixas

Sob velhos caqueiros de barro revirados no pátio

No interior de antigas fotografias

Em um caderno manchado pelo tempo

Dentro das páginas de um livro esquecido entre os trecos da casa

Por toda parte e desesperadamente busquei os anos tão longínquos

Não estavam nos retalhos das cortinas da sala

Sequer numa chaleira de cobre

Nem nas gavetas de uma depressiva penteadeira

Também não estavam nos cantos dos velhos armários

A infância sumiu no rosa da mimosa begônia que morreu de sede

No parapeito da janela

taniameneses
Enviado por taniameneses em 24/01/2012
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