Poema ao Avesso

Não falo da natureza, pois todos a veem

Não falo do passado, pois já é conhecido

Não falo de ideologias, são complicadas demais

Não falo de ilusões, bastam-nos as nossas

Não falo de fantasia, não nos é real

Não falo de felicidade, não a conheço

Não falo de amor (ele não merece o que tenho pra falar)

Não falo de utopias, são utópicas demais

Não falo de vontades, todos têm as suas

Não falo de estações, elas passam e voltam

Não falo do tempo, é mutável como nós

Não falo de pessoas, são mutáveis como o tempo

Não falo de religião (e privo-me da justificativa)

Não falo das horas, já passou da hora

Não falo da vida, cada um cuida da sua

Não falo da morte, apenas a admiro (e almejo)

Falo apenas dos meus sentimentos.

Ou seja, não falo quase nada.

Mas é tudo que me importa.

Ainda.

Edimar Silva
Enviado por Edimar Silva em 24/01/2012
Código do texto: T3458135
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