Poema ao Avesso
Não falo da natureza, pois todos a veem
Não falo do passado, pois já é conhecido
Não falo de ideologias, são complicadas demais
Não falo de ilusões, bastam-nos as nossas
Não falo de fantasia, não nos é real
Não falo de felicidade, não a conheço
Não falo de amor (ele não merece o que tenho pra falar)
Não falo de utopias, são utópicas demais
Não falo de vontades, todos têm as suas
Não falo de estações, elas passam e voltam
Não falo do tempo, é mutável como nós
Não falo de pessoas, são mutáveis como o tempo
Não falo de religião (e privo-me da justificativa)
Não falo das horas, já passou da hora
Não falo da vida, cada um cuida da sua
Não falo da morte, apenas a admiro (e almejo)
Falo apenas dos meus sentimentos.
Ou seja, não falo quase nada.
Mas é tudo que me importa.
Ainda.